O Paradoxo da Urbanização

Posted in Cultura urbana, Meio ambiente e urbanização, Vida Urbana on 19/02/2020 by gotaspaulistas

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O processo de desenvolvimento de todas as formas de vida no planeta se deram simultaneamente. No entanto, nem todas se desenvolveram da mesma forma, sendo que, ao longo das eras, algumas despontaram como mais capacidade de sobrevivência do que outras. A nossa espécie humana, se vista de maneira mais finalista, foi a espécie vitoriosa que dominou e ocupou todo o planeta.

No entanto, não se pode entender a presença da vida no planeta de maneira finalista, ao contrário! Todo o nosso cenário de desenvolvimento que acreditamos e creditamos como permanente, pode vir a mudar e dar origem a fatos novos. Como diziam os nossos ancestrais, aquilo que cura também mata.

Voltando para nossas considerações, podemos afirmar que as primeiras vitórias dos seres humanos sobre as demais espécies que se formaram na face da Terra foi a capacidade de se unir em grupos para a sobrevivência coletiva, como também de se fixarem em determinadas localizações o que lhes provia a defesa e a alimentação do grupo. O registro desta primeira fase humana que os arqueólogos denominam “out of Africa” é apresentada pela reprodução das caçadas  por esta população onde o viver junto permitia a sobrevivência de todo um grupo.

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É possível que a convivência no grupo tenha aperfeiçoado o desenvolvimento de novos instrumentos utilizáveis tanto para a defesa quanto na caça. No entanto, o principal elemento que alterou qualitativamente a organização dos seres humanos, em relação às demais espécies existentes foi o seu processo de permanência em partes importantes do vasto território do planeta. A permanência permitiu a melhora das condições de sobrevivência assim como permitiram a estabilização da alimentação por meio do desenvolvimento da agricultura. Rapidamente estes aglomerados se desenvolveram em várias atividades desenvolvidas pelas comunidades e seu  desenvolvimento pela continuidade da alimentação fornecida pela crescente agricultura fortalecida pela caça.

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O restante da estória, já é bastante conhecida, com a estabilização da alimentação e da habitação, os grupos humanos se desenvolveram, dominaram boa parte das demais espécies e se multiplicou. O resultado mais importante de tudo o que aconteceu foi a formação e desenvolvimento de aglomerados humanos, que  denominamos de cidades. Deste começo difícil, passamos a ocupar todo o território do planeta transformando-nos nos maiores predadores surgidos no planeta.

Em termos atuais o planeta todo agrega conjuntos populacionais que demandam, em termos modernos, habitações e alimentos em termos básicos, mas também, saúde, ocupação , e também divertimento, educação, participação, enfim um complexo sistema de sobrevivência que está esgotando o planeta, e este é o grande paradoxo na nossa existência do planeta – não temos mais predadores, além de nos mesmos. Ou ainda, não tínhamos, mas agora é provável que venhamos a ter, em resposta planetária ao nosso processo de ocupação ou seja, a alteração ambiental gerando novos seres terrestres que nos atingem por meio da execução desastrosa de seus habitats naturais.

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Este é o grande paradoxo do processo humano de ocupação do planeta – a destruição tanto dos elementos naturais presentes quanto dos outros seres que sobreviveram até os tempos atuais. Cabe às novas gerações modificares este processo de forma a podermos existir com uma nova maneira e extinguirem o grande paradoxo da nossa presença.

O novo viver nas cidades após a Pandemia 2020

Posted in Sem categoria on 24/07/2020 by gotaspaulistas

Na postagem anterior do Gotas Paulistas, foi apresentado o estado de destruição causada pela II guerra Mundial onde a perda tanto material quanto humano modificou as relações planetárias e mesmo modificou os assentamentos humanos e as cidades.

Dessa maneira houve tanto o procedimento de reposição da população humana – esta autora é uma babyboumer – população nascida no pós guerra – quanto de reconstrução e definição de uma nova forma de vivência e convivência baseada na construção e reconstrução das cidades no mundo.

Ainda que os sistemas econômicos continuassem a se diferenciar, o papel fundamental das cidades nestes processos de recomposição econômica continuou a se fortalecer tornando-se imprescindível a qualquer proposta econômica fornecida pelas diversas plataformas politicas e econômicas que se estabeleceram.

Dessa maneira torna-se fácil identificar que as cidades, após modificação causada tanto por fatores humanos quanto ambientais são o ponto de partida para o entendimento de como se dará a nossa vida após a Pandemia do Corona Virus em se pensando que, sem modificação na nossa base de localização da população, poderemos não sobreviver no próximo milênio como grupo vivente no planeta.

Faz tempo que o impacto de crescimento urbano tem alterado profundamente o planeta. ainda que medidas tenham sido criadas, por serem opcionais, não conseguiram promover as modificações necessárias à proteção ambiental do planeta assim como não modificaram as aglomerações humanas e o perigo apresentado por elas.

A primeira questão que vem ao debate e, porque esta Pandemia está sendo tão importante para o mundo como um todo, ao ponto de ser já tratado como “novo normal..

A principal questão que nos deparamos é que ao menos 70% da população mundial já habita em cidades e esta tendência só tende a aumentar ao longo do tempo. Esta pressão é resultado de inúmeras políticas organizacionais promovidas por países que reforçam a saída das populações das áreas rurais para áreas urbanas onde imaginam conseguir melhorar o seu nível de vida.

Segundo o Habitat 2 Metade da população mundial vive em áreas urbanas, sendo que um terço destas está em favelas e assentamentos informais. O número de pessoas morando em favelas aumentou de 760 milhões, em 2000, para 863 milhões, em 2012. Estimativas apontam que, até o ano de 2050, mais de 70% da população mundial estará vivendo em cidades. Sem modificação dos sistemas econômicos, muitas outras pandemias virão acossando a população mais carente.

A respeito deste reconhecimento é que devemos repensar o que será o nosso “novo normal” quando, por fim, encontrarem a cura do virus, e, quem sabe, poderemos pensar que se não voltarmos aos velhos tempos da Revolução Francesa com a sua tríade de objetivos Igualdade, Fraternidade e Liberdade, seguramente não chegaremos ao nosso “novo” normal e muito menos com a presença humana no Planeta.

As cidades e o novo viver urbano após a pandemia de 2020

Posted in Sem categoria on 15/07/2020 by gotaspaulistas
cidades-planejadas-no-mundo-favelas-Rio-de-Janeiro

Preambulo:

As aglomerações humanas na face da Terra sempre acompanharam a transformação das suas atividades ao longo do seu aparecimento na face do planeta, desenvolvendo ,tanto para o bem como para o mau, seus conhecimentos, seu crescimento a sua caracterização e mesmo em algumas circunstancias, seu desaparecimento. O Gotas Paulistas tem comentado sobre a historia da presença humana no planeta por meio da sua produção de habitações e outras construções inerentes aos seus aglomerados. O que nos toca conversar no presente momento é refletir sobre o impacto da Pandemia do batizado Corona vírus no nosso atual modo de vida e seu impacto nas cidades. Não é a nossa primeira vez na face do planeta que temos que nos deparar com fatos adjacentes que nos forçam a nos readaptarmos diante das circunstancias.

Nesse sentido o nosso universo temporal tem se caracterizado pela materialização das nossas cidades e suas mudanças nos nossos relacionamentos tanto econômicos quanto sociais após os períodos de sedimentação das transformações dos aglomerados humanos desta vez ja denominados de cidades .

A primeira grande transformação

O nosso atual período no estágio de convivência planetária pode ser definido pelas modificações materializadas na visão da Carta de Atenas apos o término da Segunda Grande Guerra Mundial que modificou as regelações que perduravam no planeta à séculos, especialmente causada pela Revolução Industrial de características tanto sociais quanto urbanísticas nos núcleos humanos preexistentes.

A Transformação da Segunda Grande Guerra Mundial

A Segunda Grande Guerra não foi tão importante pelo seu aspecto de destruição física das aglomerações urbanas mas, também pela mudança nas organizações sociais das populações que sobreviveram , não à toa denominadas de genocídios.

A Reconstrução mundial das cidades A Carta de Atenas . C I A M
Congresso internacional de Arquitetura Moderna em 1933

O mundo que volta a funcionar globalmente após a Segunda guera Mundial precisava de uma nova formalização e de novos instrumentos que pudessem trazer uma nova forma de viver.

O periodo compreendido entre as duas guerras mundiais foi particularmente significativo para a arquitetura e o urbanismo, ainda que não se possa falar em uniformidade ou regularidade de suas manifestações.
Na Europa, o Movimento Moderno propunha alterações estéticas na arquitetura fruto das necessidades resultantes da destruição de imensas áreas urbanas. Efetivamente, o déficit habitacional acumulado e os trabalhos de reconstrução apresentaram no primeiro pós-guerra uma escala só possível de ser enfrentada pelo Estado, que passou então a ser o grande cliente dos arquitetos do período.

No entanto no Brasil que não foi objeto de destruição tal qual o acontecido na Europa, o movimento de renovação se baseava em uma nova Arquitetura baseada nas modificações estéticas e nos conjuntos habitacionais para as classes menos favorecidas chegadas às cidades após as modificações advindas das atividades econômicas do pós guerra.


Estes foram requisitados para projetos de conjuntos habitacionais, de
bairros, de legislação urbanística e de cidades que lhes permitiram, fazendo uso das pesquisas e Inovações tecnológicas acumuladas desde o
ultimo quartel do século XIX, revolucionar, tanto funcional quanto
plásticamente, as soluções correntes para a organização do espaço edificado.

O periodo compreendido entre as duas guerras mundiais foi particularmente significativo para a arquitetura e o urbanismo, ainda que não se
possa falar em uniformidade ou regularidade de suas manifestações.
Na Europa, consolidava-se o Movimento Moderno valendo-se das possibilidades trazidas pela arquitetura subvencionada. Efetivamente, o
déficit habitacional acumulado e os trabalhos de reconstrução apresentaram no primeiro pós-guerra uma escala só possível de ser efrentada pelo Estada, que passou então a ser o grande cliente dos arquitetos.
Estes foram requisitados para projetos de conjuntos habitacionais, de
bairros, de legislação urbanística e de cidades que lhes permitiram, fazendo uso das pesquisas e Inovações tecnológicas acumuladas desde o
ultimo quartel do século XIX, revolucionar, tanto funcional quanto
plásticamente, as soluções correntes para a organização do espaço edificado.
A revolução socialista na União Soviética e a Intensa atividade de criação de cidades novas ou de renovação de centros antigos, com os programas de habitação de massa que a acompanharam, abriram perspectivas para a exploração de soluções novas em escala absolutamente
Inédita.
Nos Estados Unidos verificou-se uma intensa produção na área de so-
ciologia urbana, em especial com a chamada Escola de Chicago. Não
obstante os projetos de arquitetos acadêmicos ainda fossem significativos, tem-se o trabalho inovador de Frank Lloyd Wright, o desenvolvimento do conceito e dos projetos de “unidades de vizinhança” de
Clarence A. Perry, e ainda a contribuição moderna dos arquitetos europeus aí refugiados. Também o planejamento regional foi impulsionado neste período, ocorrendo em 1933 a aprovação do Tenessee Valley
Authority, projeto de organização territorial envolvendo sete estados
americanos e que viria a se prolongar por anos.


O movimento moderno não inovou exclusivamente a arquitetura; também a música, a literatura e as artes plásticas foram repensadas na
busca de adequação ás solicitações de uma época na qual escalas Inusitadas de população, de áreas edificada» e de produtos traziam permanente desafio às possibilidades e potencialidades da tecnologia até então desenvolvida, Inclusive aquela da dominação.
O fato de terem surgido oportunidades novas para a pesquisa e a inovação arquitetônicas não significou, contudo, que o academicismo tivesse abdicado da hegemonia que possuía, quer nos Estados Unidos e
na Europa capitalista, quer na Europa socialista sob Stálin.
Constituíram sintomas evidentes e imediatos deste fato, ainda que não
os únicos, os eventos que culminaram com ‘a criação, em 1928, dos
CIAM — Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna* e com a
elaboração da “Carta de Atenas”, originalmente prevista para ser uma
“Carta de Moscou”.
Em 1927 foi aberto um concurso internacional de arquitetura para sele- ‘
donar o projeto para o Palácio da Sociedade das Nações, a ser edificado em Genebra. A Sociedade das Nações fora criada em 1919 com a
finalidade de garantir a justiça a nível das relações internacionais.
Arquitetos do mundo todo apresentaram seus trabalhos, em sua maioria tradicionais, havendo todavia entre os cento e setenta e sete projetos
concorrentes diversos modernos, como os de Charles-Edouard Jeanneret
(Le Corbusier) e Piore Jeanneret, Hannes Meyer e Hans Wittwer e H.
T. Vijdeveld, entre outros.
O júri, composto de quatro arquitetos de linha acadêmica — J. Burnet
da Inglaterra, Carlos Gato da Espanha, Charles Lemaresquier da
França, Attilio Muggia da Itália — e quatro arquitetos mais abertos ao
Movimento Moderno — Hendrik P. Berlage da Holanda, Karl Moser
da Suíça, H. Hoffmann da Áustria e Ivar Tengbam da Suécia —, era
presidido por Victor Horta, da Bélgica, arquiteto cheio de qualidades
mas pouco preparado para entender as propostas inovadoras que se
apresentaram.

O periodo compreendido entre as duas guerras mundiais foi particularmente significativo para a arquitetura e o urbanismo, ainda que não se possa falar em uniformidade ou regularidade de suas manifestações.
Na Europa, consolidava-se o Movimento Moderno valendo-se das possibilidades trazidas pela arquitetura subvencionada. Efetivamente, o
déficit habitacional acumulado e os trabalhos de reconstrução apresentaram no primeiro pós-guerra uma escala só possível de ser enfrentada pelo Estada, que passou então a ser o grande cliente dos arquitetos.
Estes foram requisitados para projetos de conjuntos habitacionais, de
bairros, de legislação urbanística e de cidades que lhes permitiram, fazendo uso das pesquisas e Inovações tecnológicas acumuladas desde o
ultimo quartel do século XIX, revolucionar, tanto funcional quanto
plásticamente, as soluções correntes para a organização do espaço edificado.

No entanto, toda a transformação promovida pela Arquitetura, em que se pese a vontade de transformar os seres humanos por meio da Arquitetura, realmente pouco se modificou a estrutura social da humanidade. Dizia um ditado dos antigos, que aprendemos mais pela dor do que pelo amor.. e isso está se mostrando o caminho das mudanças que precisam ser feitas tanto nos humanos quanto nos seus construtos urbanos…

Creio que a lembrança da Revolução Francesa seja a mais adequada para sinalizar os tempos que se apresentam – Liberdade, Fraternidade e Igualdade.

Ainda temos muito que aprender.












Nos, os Humanos, e nossas aglomerações

Posted in Sem categoria on 11/06/2020 by gotaspaulistas

Sem sombra de duvida desde o surgimento dos seres humanos na face da terra, as suas alternativas de vida trouxeram grandes modificações ao próprio sistema do território. Enquanto os territórios eram disputados por grandes predadores e outras ordas de animais de pequeno e médio portes, havia uma grande disputa pela sobrevivência. No entanto, nem sempre o tamanho dos predadores resultava em avanço do desenvolvimento.

De uma maneira bastante rápida para os tempos históricos houve uma distinção entre as espécies , como pode ser visto na figura que se segue.

Pré-História e evolução dos hominídeos

No entanto, para além das diferenças fisiológicas, houve um fator que modificou profundamente este processo – a fixação dos agrupamentos em uma mesma localidade, podendo ser tanto vizinho a uma área repleta de alimentos, quanto o interior de uma caverna, que protegia tanto das intempéries climáticas.

No entanto, estas modificações trouxeram um imenso avanço aos agrupamentos humanoides e, finalmente a sua supremacia sobre os demais conjuntos de seres viventes.

Pintura Rupestre

Com o passar das eras, a identificação da supremacia humanoide foi se aperfeiçoando a partir da sua fixação no território e no desenvolvimento da agricultura.Como fica patente, as aglomerações humanas definiram uma novo padrão de ocupação no planeta.

Milênios apos termos ocupados todos os territórios e termos nos tornado a espécie dominante no planeta, estamos encarando um novo problema baseado em dois aspectos básicos, nosso crescimento populacional e o impacto que geramos na face do planeta tanto no sentido de ocupação quanto do crescimento das doenças que ocorrem especificamente nos seres humanos, que para nos orientarmos melhor, são chamadas de Pandemias.

As duas guerras mundiais causaram imensas destruições tanto dos bens materiais quanto das vidas tolhidas, sendo que o desenvolvimento bélico aperfeiçoou nossa arte de matar.

Atualmente, para além das guerras os seres humanos se dão conta de que a ocupação de todo o planeta esta criando um novo inimigo – as doenças resultado das nossas imensas aglomerações urbanas, onde algumas forma definidas como Pandemias.

As doenças passaram a infectar toda a população mundial, agora agrupada em grandes concentrações humanas, matando populações na mesma proporção que as antigas guerras proporcionavam.

Neste momento, as grandes protagonistas são as densas áreas urbanizadas, que tomaram o território do planeta, resultado da necessidade da execução tanto de produtos manufaturados do qual dependemos, assim como das áreas necessárias a produção de alimentos, sem os quais deixaríamos de existir.

Foto da Terra vista do espaço

As doenças que nos atingem hoje apresentam um problema que esquecemos de pensar, talvez por imaginarmos que um dia mandaríamos parte da população humana para outros planetas ou que dominaríamos todas as nossas morbidades.

No entanto temos que achar respostas logo ou teremos que ver acontecer as histórias de ficção científica onde a nossa sociedade dividida em porcões que tem acesso a tudo de bom que a humanidade já realizou e daquelas que só sofrerão para que se tenha tudo daquilo já criado.

Blade Runner, o Caçador de Andróides : Foto
Blade Runner

É importante que se diga, que tudo se encontra absolutamente conectado, ou seja nosso sistema econômico, as nossas necessidades formalizadas pelas grande aglomerações urbanas e a necessidade da manutenção de cerca de 8 bilhões de habitantes no planeta .

Podemos fazer melhor, e teremos que fazer de forma a assegurar um futuro tanto para os nossos filhos como para todo o planeta.

O alto custo do baixo custo

Posted in Meio ambiente e urbanização with tags on 05/03/2020 by gotaspaulistas
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Apesar do longo período da instalação do processo de ocupação na América do Sul onde optou-se por misturar desbravadores, novos ocupantes e população local, o processo de urbanização se intensifica tanto no sentido original de ocupação em áreas já utilizadas assim como pela ocupação das áreas descartadas pelo processo de construção das cidades e,pior, deixando as áreas áreas ambientais serem invadidas pela população que não tem acesso ao custo que representa viver na cidade legal.

Este intenso processo de crescimento das áreas urbanizadas já intensamente definidas pela presença da população de baixa renda, apresentam baixo ou muito baixo indicador da presença de equipamentos sociais,assim como sobrevivem em razão da ocupação ou de áreas ambientais ou com altos problemas ligados à ocupação.

Outro elemento importante na precarização das área urbanas consiste nas importantes mudanças e impactos produzidos pelas modificações advindas das profundas alterações ocorridas no seio das atividades econômicas realizadas nas cidades, onde os instrumentos tecnológicos tem substituído a mão de obra urbana, precarizando, dessa maneira o acesso ao trabalho e à renda para poucos.

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Alto desemprego nas cidades

Dessa maneira, como se diz no jargão popular, o barato sai caro, e vem ficando mais caro à medida que o aumento da população urbana continua e, sem que existam planos para habitação de interesse social, dar apoio e sustentação em casos de urgência torna-se tarefa extremamente complicado.

Segundo o estudo realizado por Norma Valêncio no estudo “O Desastre como Objeto de Reflexão das Ciências Humanas: discussões recentes das relações entre os gestores e os afetados” , a Política Nacional de Defesa Civil (PNDC) do Brasil, instituída por decreto em 1995, criou o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) cujos órgãos, nos três níveis de governo (municipal, estadual e federal), deveriam agir integradamente e em prol do cidadão na redução de desastres; ou, em vista do desastre, ampará-lo. A PNDC reporta, como objetivo geral da defesa civil, a garantia do direito natural à vida e à incolumidade em circunstância de desastre, para o que elegeu, discursivamente, reduzir os desastres através de ações de prevenção, preparação, resposta e reconstrução .

Ainda segundo Norma Venâncio há, contudo, uma contradição entre o objetivo supra e sua materialização através das práticas dos agentes do Sindec, as quais, ao invés de atenuarem, recrudescem a vulnerabilidade de grupos empobrecidos país afora. Ainda segundo a autora, a cada ano, famílias que se veem na injunção de habitar moradias subnormais, sobretudo nas periferias urbanas, enfrentam os episódios de deslizamentos, inundações, enchentes, ventos fortes, que abatem seus frágeis imóveis e corroem sua capacidade de sobreviver. Diante o desastre vivenciado, as interpretações da defesa civil invisibilizam a responsabilidade pública pelo ocorrido e imputam-na aos próprios afetados. Associado a isso, há a prescrição de recomendações paliativas para que essas pessoas se adequem à desigualdade territorial e à subcidadania.

Segundo David Harvey no seu livro “Cidades Rebeldes”,, Em grande parte do mundo capitalista, as fábricas desapareceram ou diminuiram tão dráticamente que dizimou-se a classe operária industrial clássica. Ainda segundo Harvey, o trabalho importante e em permanente expansão de criar e manter a vida urbana é cada vez mais realizado por trabalhadores precários, quase sempre em jornadas de meio expediente, desorganizados e com salários irrisórios.

Ainda seguindo a narrativa de Harvey, a cidade tradicional foi morta pelo desenvolvimento capitalista descontrolado, vitimada por sua interminável necessidade de dispor da acumulação desenfreada de capital capaz de financiar a expansão interminável e desordenada do crescimento urbano, sejam quais forem suas consequências sociais,ambientais ou políticas.

Reforçando a imagem, o barato sai caro, como diz o popular.

Conjunto habitacional do tempo dos Institutos.

As águas vão rolar

Posted in Sem categoria on 28/02/2020 by gotaspaulistas

Tom Jobim cantou sobre o final do verão na magnífica música “Águas de Março” onde o musico ressalta a passagem do verão para o inverno quando a natureza produz e resguarda a água necessária ao período onde, pelo posicionamento do planeta no entorno do sol, parte do seu território ficará mais longe da luminosidade e do calor.

Este processo se sucede, ou pelo menos, sucedia interminavelmente. No entanto, após o gênero humano passar a ocupar intensamente toda superfície terrestre e alterar a conjuntura ambiental do planeta, as coisas começaram a mudar e aquilo que acontecia normalmente passou a ter versões diferenciadas.

As mudanças nos processos da superfície do planeta aconteceram e acontecem por meio do processo de ocupação primeiro pelos hominídios que agora dominam a superfície do planeta, mais em períodos recentes, pelo intenso processo de ocupação das áreas permeáveis e destruição das florestas.

Com este perfil de ocupação, o funcionamento do planeta não é mais o mesmo, botando em perigo o conjunto do planeta.

MEMÓRIA E CIDADES

Posted in Sem categoria on 20/06/2017 by gotaspaulistas

https://youtu.be/O6mYhBGvzLQ

Memória e Cidades

Normalmente costumamos enxergar o passado das cidades notando e percebendo e visualizando seu passado construído, Podemos, inclusive, verificar as “camadas” de construções e seus períodos em cidades com uma larga participação na história humana. No entanto, existe uma forma de convivência com a história – a ausência de sinais ou de determinados monumentos que também, por outro lado, definem a sua narrativa construída e como exemplos, as famosas Berlim e Roma. Existem sinais que lembram marcas, naturais ou não, pelas quais pode-se inferir o processo de transformação urbana. No caso ao qual fazemos referência as marcas da transformação se tornaram verdadeiras cicatrizes no tecido urbano. A memória é caprichosa – ela nos lembra de eventos, mas também nos lembra da paisagem, do ar, da cor e dos sons. Nem sempre são memórias boas, mas elas também existem. Em Verona, na Itália , o balcão indica a memória do amor romântico – quer tenha sido ele real ou não.

Algumas memórias muito ruins também são superadas pela reconstrução – grandes capitais europeias foram reconstruídas e encontraram novos destinos sobrepujando um passado de destruição e perda da memória.

Berlim é um exemplo muito bom de como a ausência também define um Patrimônio Histórico. Da imensa destruição que tomou a cidade e deixou quase nada sem ser destruído, a ausência também funciona como elemento identificador dos espaços e também conta a sua história – pode ser visto no piso das calçadas o trajeto onde antes estava o Muro que dividia a então Alemanha Ocidental da Alemanha Oriental.

 

 

Berliner Mauer / Parte do Muro de Berlim com explicações históricas © Viaje Comigo

Como consequência deste processo insidioso apresentado  pelas nossas memórias o objeto que nos retoma o pensamento pode tanto produzir sensações positivas e prazerosas quanto nos fechar em obsequioso silêncio que ocorre nas visitas aos Campos de Concentração onde o lema é “lembrar para não repetir”.

MULHERES NA POLÍTICA E A POLÍTICA DAS MULHERES

Posted in Sem categoria on 18/01/2017 by gotaspaulistas

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PRÓLOGO

Falar de Política é falar de Poder, e o exercício do Poder nem sempre foi igual ao longo da História especialmente no que diz respeito a homens e mulheres e nem aconteceu ou mesmo acontece igual ao mesmo tempo.  O que não falta é diversidade em todos os momentos ainda que a nossa percepção dos últimos 100 anos seja a que predomina nas nossas ideias e na visão sobre o que esperamos do futuro.

O texto que se segue, ainda que leve em consideração a trajetória das relações de gênero no Brasil, diz respeito ao presente momento político assim como sobre os caminhos a serem trilhados na procura pela equidade política dos gêneros levando em consideração práticas exitosas e suas perspectivas.

Relações de Gênero – Diversidade no tempo e no espaço – Mas não foi sempre igual?

No começo da identificação dos assentamentos humanos, não havia como diferenciar o trabalho realizado tanto por homens quanto mulheres – a questão da sobrevivência predominava e era mesmo fundamental nos coletivos humanos onde a questão relativa à maternidade e a criação dos filhos era tão imperioso quanto a necessidade da sua sobrevivência alimentar representada pela coleta e pela caça.

Somente com o desenvolvimento da agricultura se conseguiu a geração de excedentes de produção em relação à população do grupo, assim como a sua fixação no território. Como resultado deste processo aconteceu um aumento demográfico consistente como resultado da melhoria alimentar.

Outro elemento não menos importante neste processo foi a possibilidade de realização e desenvolvimento de novas atividades com redistribuição de atividades nos grupos e que incluíam o artesanato, religião, governos e mesmo a segurança dos grupos posteriormente transformada em exército.

As mudanças tecnológicas logo surgiram na esteira das grandes modificações qualitativas dos agrupamentos humanos e que se estenderam por toda a área do Oriente Médio representadas pela invenção da roda, do uso dos metais – especialmente o bronze – além das facas que possibilitaram além da defesa, uma melhor mastigação das carnes.

Outra consequência decorrente desta transformação sob o ponto de vista dos territórios foi o surgimento das cidades onde se materializam os contatos culturais, elementos marcantes do processo de urbanização, que passaram a se estender por todos os territórios e onde a troca foi acontecer como primeira grande atividade entre as populações crescentes.

No começo da identificação dos assentamentos humanos, não havia como diferenciar o trabalho realizado tanto por homens quanto mulheres – a questão da sobrevivência predominava e era mesmo fundamental nos coletivos humanos onde a questão relativa à maternidade e a criação dos filhos era tão imperioso quanto a necessidade da sua sobrevivência alimentar representada pela coleta e pela caça.

Somente com o desenvolvimento da agricultura se conseguiu a geração de excedentes de produção em relação à população do grupo, assim como a sua fixação no território. Como resultado deste processo aconteceu um aumento demográfico consistente como resultado da melhoria alimentar.

Outro elemento não menos importante neste processo foi a possibilidade de realização e desenvolvimento de novas atividades com redistribuição de atividades nos grupos e que incluíam o artesanato, religião, governos e mesmo a segurança dos grupos posteriormente transformada em exército.

As mudanças tecnológicas logo surgiram na esteira das grandes modificações qualitativas dos agrupamentos humanos e que se estenderam por toda a área do Oriente Médio representadas pela invenção da roda, do uso dos metais – especialmente o bronze – além das facas que possibilitaram além da defesa, uma melhor mastigação das carnes.

Outra consequência decorrente desta transformação sob o ponto de vista dos territórios foi o surgimento das cidades onde se materializam os contatos culturais, elementos marcantes do processo de urbanização, que passaram a se estender por todos os territórios e onde a troca foi acontecer como primeira grande atividade entre as populações crescentes.

O Encontro Dos Diferentes

O desenvolvimento complexo que chamamos civilização fez com que se criasse um sentido empírico da identificação do “nós” com relação aos “outros”. Os gregos foram mais específicos – denominavam de “bárbaros” a todos aqueles que eram diferentes deles.

As identidades pessoais e coletivas começaram a fixar nas suas populações – por meio de regras, vestimentas e festividades, por exemplo – suas características específicas.

Outro elemento importante para o entendimento sobre as questões de gênero diz respeito à mudança das atividades da caça e da coleta é que a agricultura necessitou da fixação dos agrupamentos humanos no território e colocou fim à igualdade relativa da que gozavam homens e mulheres com relação à importância do que realizavam.

Segundo Peter Stearns, “ na caça e na coleta, ambos os sexos, trabalhando separados, contribuíam com bens econômicos importantes”. A agricultura mudou isso, beneficiando o domínio masculino – os homens agora eram responsáveis pela plantação. O trabalho feminino era ainda fundamental, mas, a partir daí a sobrevivência passou a depender do homem e as mulheres passaram a ser definidas mais em termos de gravidez e cuidados das crianças,

Desta condição social nasce o primeiro sistema social envolvendo homens e mulheres como relacionamento hierárquico e não mais de parceria – o Patriarcalismo.

Mulheres tem dono, mas não são donas de nada

Todas as civilizações da Antiguidade incorporaram o Patriarcalismo como modelo de organização da sociedade. Segundo Leite Barreto, “Patriarcalismo pode ser definido como uma estrutura sobre as quais se assentam todas as sociedades contemporâneas. É caracterizado por uma autoridade imposta institucionalmente, do homem sobre mulheres e filhos no ambiente familiar, permeando toda organização da sociedade, da produção e do consumo, da política, à legislação e à cultura. Nesse sentido, o patriarcado funda a estrutura da sociedade e recebe reforço institucional, nesse contexto, relacionamentos interpessoais e personalidade, são marcados pela dominação e violência. ”

A medida em que as sociedades clássicas se sofisticavam e aprofundavam seus conhecimentos e modos de atuação, a questão Patriarcal passou a apresentar nuances que se modificaram no tempo e no espaço incluindo-se nesta categoria o desenvolvimento ou não do agrupamento humano.

A despeito do seu desenvolvimento cultural, Grécia e Roma se mantiveram firmemente baseadas no Patriarcalismo sendo que em Roma a abordagem de gênero fosse mais pesada do que no Helenismo. Esta questão se baseou fortemente na ênfase na família, retornando nos primeiros dias do Império, trazendo a reafirmação da autoridade masculina sobre todos os elementos da vida material do casal. Cabe ressaltar que para a Roma Imperial as mulheres podiam até agir nos bastidores, mas não possuíam autonomia alguma sobre as decisões sobre a sua vida material – não havia dúvidas, quem possuía propriedades e bens eram os homens.

O mundo moderno, moderno para quem?

A expansão marítima dos séculos XVI e XVII não só consolidaram a cultura ocidental em todos os aspectos como também alicerçou nos novos territórios as características sociais emanadas da Igreja Católica no mundo ampliado pela colonização e novas áreas agrícolas.

Todas estas expansões trouxeram implicações nos relacionamentos entre homens e mulheres intermediados pelas missões religiosas que se incumbiam de modificar as estruturas sociais locais, o que vale dizer que a relação homem/mulher foi alterada pela posição europeia e católica sobre sexualidade e predomínio masculino.

Ainda segundo Sterns, “ Por volta dos séculos XVIII e XIX, no entanto, a mensagem europeia ficou mais complicada. Os europeus descortinaram uma definição sem precedentes de ideais masculino e feminino. Nesta equação os homens eram em primeiro lugar trabalhadores e figuras públicas. As responsabilidades das mulheres eram prioritariamente domésticas, adornado com novas crenças sobre fragilidade e bondade moral do sexo mais fraco”.

Mas, e no Brasil?

mulheres-2

Como no restante da empreitada colonial que ocorria no mundo, além dos fatores socioculturais resultantes das matrizes religiosas predominantes em todos os continentes que se baseavam na sujeição feminina, havia um outro fator que tornava toda a questão mais complicada – a imensidão do território brasileiro e a ausência de mulheres nos processos de expansão ultramarinos.

Roberto Pompeu de Toledo comenta sobre os primeiros habitantes de São Paulo apresentando a figura de João Ramalho também considerado como o pai dos paulistas, “ que teve muitos filhos, como se impõe a um patriarca, que era aventureiro, um desses como tantos havia outrora, que buscavam a vida, arriscando-a desassombradamente, e procurando entre perigos, um viver libérrimo, dissoluto, gozando sem as peias de uma sociedade regular e sem testemunhas inoportunas. ”

Na descrição complexa do desenvolvimento da cidade de São Paulo, o autor descreve a presença de mulheres cobertas da cabeça aos pés de véus pretos e com circulação restrita ao período que antecedia a noite, sempre acompanhadas ou por escravos ou por seus maridos. A comitiva que seguia para o grande evento semanal da missa da igreja apresentava o marido, de braços dados com a esposa e os filhos seguidos dos serviçais. Cabe ressaltar que nos primeiros momentos da colonização a própria presença de mulheres aptas a gerar descendência gerava um intenso e disputado comércio.

Mulheres na Política e a Política das Mulheres

Segundo Bodo e Braga, Após a Independência do Brasil em 07 de setembro de 1822 tornou se necessária a criação de uma Constituição. Como resultado Dom Pedro I outorgou a Constituição do Império do Brasil em 25 de março de 1824.

Esta constituição mantinha uma ambiguidade em relação ao tratamento do negro, como coisa e pessoa ao mesmo tempo. Já no tocante aos direitos políticos, o voto era censitário, sendo que somente os homens livres que tivessem renda poderiam votar, excluindo os negros escravos.

Nos séculos XIX e XX à segregação de gênero juntou-se a segregação da cor e a social – a primeira Constituição Brasileira com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, tornou-se necessário a elaboração de uma nova constituição, assim, houve a promulgação da Constituição de 1891, nela predominavam os interesses ligados à oligarquia latifundiária. Manteve-se a proibição de voto às mulheres, aos analfabetos e aos indigentes; o eleitorado era influenciado pelas elites.

Sempre se afirma que as exceções costumam confirmar a regra e Luíza Alzira Soriano Teixeira foi esta exceção – foi a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. Tomou posse no cargo em 1º de janeiro de 1929. Viúva, Alzira Soriano disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para a prefeitura de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte, pelo Partido Republicano, e venceu com 60% dos votos, quando as mulheres nem sequer podiam votar.

Mas foi pouco tempo de administração, apenas sete meses. Com a Revolução de 1930, Alzira Soriano perdeu o seu mandato por não concordar com o governo de Getúlio Vargas. A responsável pela indicação de Alzira como candidata à Prefeitura de Lajes foi a advogada feminista Bertha Lutz, uma das figuras pioneiras do feminismo no Brasil.

Como observa Leila Linhares Barsted, somente com o avanço do movimento feminista brasileiro houve uma influência no processo de mudança legislativa e social, denunciando desigualdades, propondo políticas públicas, atuando junto ao Poder

Desde meados da década de 70, o movimento feminista brasileiro tem lutado em defesa da igualdade de direitos entre homens e mulheres, dos ideais de Direitos Humanos, defendendo a eliminação de todas as formas de discriminação, tanto nas leis como nas práticas sociais. De fato, a ação organizada do movimento de mulheres, no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, ensejou a conquista de inúmeros novos direitos e obrigações correlatas do Estado, tais como o reconhecimento da igualdade na família, o repúdio à violência doméstica, a igualdade entre filhos, o reconhecimento de direitos reprodutivos, etc. (BARSTED, 2001, p. 35).

E aí, como avançarmos?

A despeito dos avanços, temos ainda um longo caminho a percorrer. Ainda que tenhamos assegurada a equidade jurídica, ainda convivemos com papeis diferenciados na sociedade e uma grande dificuldade para a participação em amplos aspectos da sociedade com especial destaque para os setores ligados à tecnologia e à política. Para tanto, após tantos anos de mudanças, especialmente no meio político já se formaram coletivos de mulheres que vem tentando apoiar e desenvolver carreiras políticas exitosas. Uma boa proposta que possa ir além do apoio mútuo, no entanto, tem que levar em consideração três fatores:

– A formação política permanente;

– A informação técnica como forma de diferenciação qualitativa;

-A possibilidade de poder usufruir de um aparato administrativo de apoio às candidaturas femininas em separado dos homens com recursos próprios.

A construção de uma estrutura de apoio às mulheres de forma diferenciada, permitiria melhor apossamento às candidaturas além de fortalecer o coletivo feminista. A formação política e as informações técnicas deveriam ocorrer de maneira continuada, independentemente dos períodos eleitorais.

Sempre convém lembrar que o discurso masculino – quando em debate com mulheres – apresenta-se, via de regra, de forma hostil e não raro, através da força e do temor.

A precursora Alzira, com seu secretariado, na cidade potiguar de Lajes – Foto: Reprodução

Bibliografia :.

Stearns, Peter N. História das Relações de Gênero. Editora Contexto. São Paulo. 2007

Prefeitura do Município de São Paulo. Trabalho e cidadania ativa para as Mulheres. Coordenadora Tatau Godinho. São Paulo 2003

Toledo, Roberto Pompeu de. A Capital da Solidão: Uma história de São Paulo das origens a 1900. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 2012,

As (novas e velhas) Invasões bárbaras ou bárbaros são os outros, segundo os romanos

Posted in Sem categoria on 09/09/2015 by gotaspaulistas

Poucos eventos históricos conseguem obter dos historiadores uma datação muito aproximada. Especialmente os mais distantes no vasto espectro da nossa presença no planeta permitem observar as transformações que o nosso processo de ocupação produziu.
É o caso das Invasões Bárbaras, evento ocorrido entre os séculos IV e VI da Era Cristã que puseram fim ao que se denominou Antiguidade. Mais especificamente falando, trata-se da queda do Império Romano do Ocidente, já que o Império do Oriente cairia somente com a retomada de Jerusalém pelos turcos em 1500 – outra data emblemática.
Por mais que este período seja lembrado pelas cruéis incursões dos povos que se deslocaram do oriente (hunos e magiares) e seu sítio sobre a cidade de Roma, a maior parte dos deslocamentos se deu de maneira pacífica com a chegada dos povos além fronteira com todos os seus bens, simplesmente transferindo-se para dentro dos limites do então Império Romano.
Como é de conhecimento de todos, bárbaros – para os romanos – eram todos aqueles que não falavam latim, o que significava dizer, o resto do mundo, o que passou para a história um relato de violência e morte da civilização.Invasões bárbaras 2

O que não se viu é que o deslocamento maciço da população possibilitou a queda do grande Império e abriu o caminho para um novo tempo – o do renascimento e da modernidade. A cultura romana foi profundamente modificada pela presença dos germanos, introduzindo, por exemplo modificações no direito romano. Segundo Perry Anderson, as invasões germânicas que assolaram o Império Ocidental se desdobraram em duas fases sucessivas, cada uma com um impulso e um modelo diferente. A primeira grande onda começou com a monumentosa marcha através do Reno gelado na noite do inverno de 31 de dezembro de 406, por uma informal confederação de suevos, vândalos e alanos. Poucos anos depois, em 410, os visigodos, sob as ordens de Alarico, saquearam Roma. Ainda segundo Anderson, o caráter dessa terrível irrupção inicial proporcionou posteriormente o começo da Idade Média.

Este fato me veio a tona na medida em que se intensificaram na mídia as imagens do grande deslocamento dos sírios em direção ao ocidente representado pela Europa Central. A questão que vem em mente, de imediato, é o grande processo de transformação em movimento. a história não se desmente a não ser em forma de farsa. O interessante é ver o repúdio de quem sempre migrou e é resultado de muitas outras.

invasões bárbaras 3

Alfavela e Alfavile – dois lados de uma mesma cidade de São Paulo

Posted in Sem categoria with tags , , on 26/11/2013 by gotaspaulistas

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A difícil convivência entre dois extremos de formas de ocupação urbana. Em tempos anteriores poder-se-ia dizer que eram imagens que se referiam às partes centrais de uma cidade e sua periferia. No entanto, hoje em dia, em São Paulo não se organiza desta maneira: da forma  como foram desenhados os territórios das subprefeituras quando da sua criação, o que incluía além da agregação dos já criados Distritos (Lei Orgânica, Art. 157 – O Município instituirá a divisão geográfica de sua área em distritos, a serem adotados como base para a organização da prestação dos diferentes serviços públicos) também definiram um patamar demográfico na base de cerca de 300 000 hab cada uma, aproximadamente. A partir da adoção do novo recorte territorial, uma parte da organização urbanística da cidade se perde – a história dos bairros da cidade. Dessa maneira – e de maneira inexorável – parcelas dos bairros passaram a pertencer a administrações regionalizadas diferentes alterando uma visão integradora prevista no conceito de subprefeitura.

Olhando de perto, ninguém é normal

No entanto e apesar da aparente homogeneidade das áreas centrais de São Paulo, as mesmas escondem-se diferenças que se diluem nos números médios apresentados pelos distritos conforme pode ser visto no mapa apresentado pelo jornal “O Estado de São Paulo” em 24 de novembro de 2013. Segundo o que se pode ver, por meio dos registros dos setores censitários sobre o levantamento realizado pelo Censo de 2010, a despeito das diferenças existirem em toda a área urbana da cidade, em alguns distritos as diferenças são maiores ou mesmo menores.

A cidade e os indicadores da urbanização

Fonte: O Estado de São Paulo sobre os dados do Censo 2010/IBGE.

Neste sentido da análise da predominância dos itens coletados, o distrito da Consolação aparece como campeão de urbanização conforme indica o texto “A maioria dos domicílios com índice de urbanismo máximo está no centro expandido ou em bairros nobres. O melhor distrito é a Consolação, onde a nota média é 97. Em seguida vêm outros bairros de urbanização antiga, como Jardim Paulista, República, Santa Cecília e Bela Vista, com índice maior que 90.” Porém basta tentar chegar ao centro histórico da Sé para termos que passar pelo Glicério, enclave de habitações inadequadas, moradores de rua, imóveis tombados invadidos e transformados em cortiços. Segundo a publicação da CDHU/Governo do Estado de São Paulo denominado “Relatório Geral do Programa de Atuação em Cortiços (julho de 2012), cortiços são moradias multifamiliares, subdivididas em cômodos alugados informalmente , situados em áreas urbanas dotadas de infraestrutura completa, e que apresentam condições físicas precárias, uso coletivo das instalações sanitárias e sobreposição de funções sem qualquer privacidade. Ou seja, nem sempre a presença da infraestrutura transforma áreas inadequadas sob o ponto de vista da ocupação em boa qualidade de vida.

Segundo o relatório realizado pelo CDHU/2012, pode-se verificar, segundo o critério utilizado pela pesquisa, a principal ocorrência territorial deste tipo de habitação.

Localização de cortiçosTodas estas questões remetem à necessidade de conhecimento profundo da base territorial das subprefeituras e da incorporação da população em todas as instâncias da administração pública local para a resolução e encaminhamento das ações para atuação direta na qualidade de vida da população e – estritamente ligada a esta – da qualidade da vida nos bairros e na cidade como um todo.

Por fim, seguindo a linha apresentada pelo relatório do CDHU se faz necessário a mudança de paradigmas onde habitação boa é a habitação nova, para um olhar diferenciado para o patrimônio urbano da cidade.

CDHU/2012

CDHU/2012