A sociedade contemporânea e o futuro das cidades

No caderno de hoje – domingo, dia 07 de março – aparece a discussão de alguns temas que podem oferecer um novo olhar para o futuro das cidades. Como sempre, as questões que embasam tal raciocínio são apoiadas no princípio de que a sociedade transforma as estruturas materiais onde vive. Nunca havia visto uma confirmação tão clara disso quanto da proibição da construção de minaretes na Suiça e na discussão sobre a proibição de uso da burca nos espaços urbanos da França. A questão que se coloca hoje é: qual a característica da população urbana ? Assumimos de antemão que a globalização é uma realidade, levada aos extremos, que a utilização da alta tecnologia é irreversível e que os modelos anteriores de conceitos filosóficos ligados a valores não conseguem se sustentar nos tempos em que vivemos. Neste sentido o artigo “A sociedade Narciso e a saúde” de autoria de Roger Cohen do NYT no Caderno Vida do Jornal “O Estado de São Paulo”, traz o primeiro elemento que gostaria de apresentar. Segundo este texto, onde Édipo um dia nos atormentava, agora é Narciso. Segundo o autor ” a comunidade – um emprego estável, experiência nacional compartilhada, família grande, sindicatos – desapareceu ou se desgatou. Em seu lugar entrou um undividualismo frenético, o solipsismo (doutrina segundo a qual a única realidade presente no mundo é o eu) de olhos grudados nas telas, os prazeres incorpóreos das redes sociais de relacionamento e a vida à la carte definida por 600 canais de TV e uma multidão de blogs (!). Sentimentos de ansiedade e inadequação crescem na câmara solitária de introspecção e projeção.” Ainda segundo o autor, esta face permeia todo o mundo atual, atingindo – indistitntamente – as democracias modernas globalizadas e aos novos modos de vida asiáticos, parecendo que estamos tão solitários como aqueles pequenos aviões sobre o Atlântico em mapas de navegação em vídeos de bordo.

O segundo elemento – que se soma à análise anterior – é  o intitulado “Conto das Arábias” escrito por Simon Kuper no Caderno “Mais!” do jornal “Folha de São Paulo”. Nele volta-se ao comentário sobre a presença muçulmana na Europa e principalmente na França. Segundo este texto, um possível retrato do futuro da Europa pode ser encontrado em um bairro parisiense decadente a leste do centro da cidade que é repleto de restaurantes que servem cuscuz, livrarias islâmicas e cidadãos franceses de origem árabe. Seu nome é Belleville onde cerca de 1,5 milhões de de muçulmanos nominais (identificados corupo étnico não necessariamente com a religião) vivem – mais do que qualquer outra cidade na Europa. Ainda seguindo o texto, as ruas estreitas de Belleville também são repletas de pessoas de origem chinesa, judaica, africa subsaariana e francesa de classe média. O importante deste bairro é que ele contraria o medo xenófabo de que a europa será tomada pelos árabes formando a “Eurábia”. Este elemento apresentado pelo artigo prenuncia um novo mundo urbano, onde as raças, etnias e religiões dividem os mesmos equipamentos e serviços urbanos.

Esta nova sociedade moldará o futuro dos espaços urbanos, que, necessariamente resultará no sincretismo cultural das sociedades que nela vivem. Neste novo espaço urbano, seguramente os minaretes serão permitidos, assim como a presença de mulheres com burcas passará desapercebido. Como comentário final, este artigo informa que os novos habitantes urbanos são mais sujeitos a se modificarem na presença do ambiente europeu que o contrário, formando, dessa maneira uma nova maneira de se viver vida as grandes metrópoles urbanas deste século XXI. É importante ficar atento a isso.

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